De todos os posts que desejo fazer, este definitivamente não
estava na lista dos 100 primeiros. Pouco mais de um mês e o inevitável para quase todos os nacionais
e estrangeiros me aconteceu: A Dona mosquita transmissora da malária me
encontrou!
Para quem não conversou comigo nesse meio tempo, deve estar
se perguntando “como é malária?”. Bem, vou tentar descrever um pouco em
palavras o que eu sei sobre a doença e o que senti.
Existem quatro tipos de malária no mundo e, assim como a
dengue, cada tipo apresenta sintomas e gravidades diferentes. A doença é causada por um
bichinho que entra no seu sangue após ser picado por um mosquito que pica
(principalmente, mas não exclusivamente) durante o nascer e o pôr do sol, e é
só a fêmea que carrega o tal do bichinho, ou plasmodium. E não, não existe vacina contra a malária!
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a malária está
presente em praticamente todos os países do hemisfério Sul, em quase todo o
continente Africano e em boa parte da Ásia. Pois é, Brasil tem malária também!
A diferença, como eu disse, é que existem tipos de malária; cada uma causado por
um parasita diferente.
Aqui em Moçambique, o tipo mais comum de malária é justamente o tipo mais perigoso, conhecido
como malária maligna e é causada pelo plasmodium falciparum. Essa malária é uma
que rapidamente sobe para o cérebro e pode causar comas e morte cerebral antes
mesmo que a pessoa desenvolva sintomas mais graves.
Já deu para perceber como é que eu fiquei depois de
descobrir que tinha isso, né? Brincadeira, ela não me assusta. Tá bom, assusta
um pouquinho só!
Segundo a OMS, foram
mais de 665 mil mortes causadas pela doença só no ano de 2010 – dado mais
recente que encontrei (tô meio lesada, melhor não confiar na minha pesquisa) -,
e anualmente cerca de 220 milhões de pessoas são infectadas com o parasita. Os
piores casos? Crianças, que, também segundo a OMS, têm uma taxa de mortalidade
de uma a cada minuto só na África.
Os povos africanos, aparentemente, têm
resistência maior à malária. Aqui se alguém tem malária é como para nós quando
alguém tem gripe. Ninguém se desespera, e é algo comum. E como a ação do remédio é pior do que os sintomas da malária, então muitos recusam a medicação ou administram da forma que querem e isso é = a morte.
Graças ao bom e cuidadoso Deus o diagnostico da doença veio
extremamente cedo. Essa é a principal dica para quem vem fazer trabalho
voluntário ou simplesmente passear por qualquer país endêmico. Sentiu qualquer
coisa, vá ao hospital. Aqui teste de malária é feito milhões de vezes por dia e
em qualquer posto de saúde, por mais precário que seja. Também temos as
clínicas particulares que é nossa opção (de muzungo) o por que desta escolha
''do particular'' conto em outro post.
Os sintomas da
malária tipo F são parecidos com os da dengue, que são os mesmos de uma gripe
forte: dores de cabeça, vômitos, calafrios, tonturas, náuseas,e, acima de tudo, febre, falta de
apetite e fraqueza muscular. e ela faz
com que os problemas de saúde que você tem ou teve na infância volte, e isso é
tenso! Por exemplo, eu tive dores fortes nos ouvidos e garganta, são zicas
raras de acontecer (provavelmente isso ocorreu bastante na infância). Sintomas
a parte, a diferença entre gripe forte ou dengue é que OS PARASITAS SÃO
RAPIDAMENTE MULTIPLICADOS NO SANGUE o que RAPIDAMENTE PODE TE LEVAR A MORTE se
não for diagnosticado e tratado a tempo.Das zicas citadas os únicos sintomas
que não tive foi febre e falta de apetite.
Quando recebi o resultado do exame, vi que o parasita ainda
estava naquilo que eles chamam de “primeira onda”. Estavam em “pouca
quantidade” (algo como 300 mil parasitas por cada microlitro de sangue. Sim,
isso é o pouco). Logo me deram um remédio extremamente forte – quatro
comprimidos de uma só vez a cada 12h. Ah, e todos os sintomas vem com força nos
horários em que tomamos o medicamento, é o momento do ''piseiro'' entre ele e o
parasita.
Enfim, depois de quase duas semana de remédios fortes, muita
zica e também muito repouso (eu não gosto de repouso), finalmente fiz um teste
de controle e estou livre da malária. Confesso que ainda sinto uma dorzinha de
cabeça e calafrios de vez em quando, mas acho que é mais psicológico que
qualquer coisa.
Uma dica para quem pretende vir para essas bandas: Quando chegar
faça tudo para evitar a zica: use repelente, durma com cortinado, evite sair a
noite... eu fiz tudo isso! Pelo menos
tenho a consciência tranquila, rs.
Mas se você for
notável assim como eu, então se ligaê! Se algo acontecer fora da sua rotina não
ignore os sintomas e faça mil análises se preciso for!
Ah, teve piadinhas do tipo:
“Soninha, fique feliz porque finalmente pegaste uma doença que nossos
médicos não só sabem diagnosticar como sabem tratar” e também por que me
atrapalhei com a quantidade da primeira dose...eram quatro comprimidos
(Coartem) mas eu tomei um somente. Daí os trocadilhos ''Não é Umtem, é
quatrotem e blá blá blá'' pelo menos a galera foi ao delírio e rolou muitas
gargalhadas!
Uma observação digna de nota: Nunca deixe de vir a África
por causa de suas epidemias.
Abraço de urso!
Nenhum comentário:
Postar um comentário