sexta-feira, 28 de junho de 2013

Os Conflitos e a eminência de uma nova Guerra Civil





Há 20 anos, a guerra civil travada entre o governo Frelimo e as forças rebeldes da Resistência Nacional ­Moçambicana (Renamo) chegava ao fim.

Moçambique enfrentou 26 anos de guerra. Primeiro, para se emancipar de Portugal. Com a fundação da República Popular de Moçambique, em 1975, o governo foi entregue à Frelimo, partido único, de orientação socialista. Após a independência, mergulhou em novo conflito, na disputa interna pelo poder, até a assinatura do Acordo Geral de Paz entre os dois grupos, em 1992. Hoje, Frelimo e Renamo são os partidos que disputam o poder. E no momento a Renamo, (à sua maneira) parece estar reivindicando, de certa forma o cumprimento do acordo assinado em 92. Os ataques incitando uma nova Guerra Civil estão cada vez mais frequentes. Dhlakama, líder da Renamo diz estar disponível para encontro com Guebuza, presidente da República (Frelimo). Eu oro por este encontro, que ele aconteça o mais rápido possível e que de fato aconteça o dialogo entre eles.

Do ponto de vista da literatura, a guerra teve consequências gravíssimas. A Renamo, quando atacava uma aldeia, começava pela escola e matava os professores. E a escola deixou de existir em grande parte deste país. E era a escola o único veículo da língua portuguesa e era ela que fazia chegar os livros. Um trabalho imenso poderia ter sido feito para criar familiaridade com a escrita, mas houve um corte. E este é um país da oralidade. Poderíamos ter muitos mais jovens a escrever e a trazer também novas propostas na esfera política.

Mia Couto, meu escritor moçambicano favorito, foi membro da Frelimo. Durante a guerra pela libertação, deixou o curso de Medicina para ­infiltrar-se nos jornais coloniais e trabalhar a serviço do ideais da independência. Não integra mais o partido. No Brasil, teve dez títulos publicados. Durante as três últimas décadas, intensificou a dedicação à atividade de biólogo e pesquisador, criou e dirige uma ­empresa que faz estudos de impacto ambiental e leciona ecologia na maior universidade de Moçambique. Tornou-se um dos escritores de língua portuguesa mais traduzidos no mundo.Sim, esta é uma indicação daora! Se você deseja conhecer melhor Moçambique e sua moçambicanidade, comece por MIA COUTO. Minha leitura mais recente dele foi: E Se Obama Fosse Africano?

Também indico:

-Terra Sonâmbula

-Raízes de Orvalho

-O último voo do flamingo

-Contos do nascer da Terra

-Um rio chamado tempo, uma casa chamada Terra

-Cronicando
           
(Ao meu eterno professor de História da África - Neilson Mendes, a minha gratidão pelos saberes de África até aqui. Impossível falar de Couto sem me lembrar de você mestre! Eis que te digo: estou na terra do cara! Bah!!!)

Que a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guarde o coração e a mente das autoridades e de todo o povo de Moçambique.

Abraço demorado!

Nenhum comentário:

Postar um comentário