sábado, 29 de junho de 2013

Ponha a sua esperança em Deus



Enquanto caminhava pelo bairro onde estou morando provisoriamente, na cidade de Chimoio, encontrei uma garotinha sentada, coberta por uma manta. Seus olhos tristes, cansados e marejados me atraíram. Ela pega a minha mão e meu sorriso, que a força dar um sorriso de volta. Pergunto seu nome, ela responde bem baixinho... é Jovência. Logo vejo, que pela alegria das outras crianças, Jovência não está nada bem. Me aproximo mais e pergunto o que ela está sentindo e por que não está correndo e brincando com as outras crianças. Outra vez, com a voz bem fraquinha ela diz: ''estou com dores tia.'' 
Jovência tem 8 anos, é orfã de pai e mãe, mora em um lar provisório e está no segundo ano primário. Ela está de malária, é a 10°.

O Eterno sabe do desejo do meu coração de acolher os órfãos e sei que aqui esse sentimento se tornará cada vez mais forte. Eu oro pela vida da pequena Jovência, peço a Ele que dê uma família a ela e que sare todas as dores causadas por tantas malárias e pela perda dos seus. E eu quero estar com ela outras vezes e mostrar a ela como nós esperamos contra toda a esperança, acreditamos contra todo o impossível que Aquele que morreu para nos dar a vida está fazendo todas as coisas belas e perfeitas. Quero mostrar a ela Aquele que é vida e como sabemos, os Seus caminhos são melhores e superiores e que Ele está trabalhando todas as coisas para o nosso bem, ainda que não vejamos. E Se podemos pedir um milagre, pedimos à Ele. 

Afinal de contas, meu trabalho é pedir e crer sem vacilar. O trabalho Dele é todo o resto...


... A Ele, toda a nossa vida.

Abraço demorado!

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Os Conflitos e a eminência de uma nova Guerra Civil





Há 20 anos, a guerra civil travada entre o governo Frelimo e as forças rebeldes da Resistência Nacional ­Moçambicana (Renamo) chegava ao fim.

Moçambique enfrentou 26 anos de guerra. Primeiro, para se emancipar de Portugal. Com a fundação da República Popular de Moçambique, em 1975, o governo foi entregue à Frelimo, partido único, de orientação socialista. Após a independência, mergulhou em novo conflito, na disputa interna pelo poder, até a assinatura do Acordo Geral de Paz entre os dois grupos, em 1992. Hoje, Frelimo e Renamo são os partidos que disputam o poder. E no momento a Renamo, (à sua maneira) parece estar reivindicando, de certa forma o cumprimento do acordo assinado em 92. Os ataques incitando uma nova Guerra Civil estão cada vez mais frequentes. Dhlakama, líder da Renamo diz estar disponível para encontro com Guebuza, presidente da República (Frelimo). Eu oro por este encontro, que ele aconteça o mais rápido possível e que de fato aconteça o dialogo entre eles.

Do ponto de vista da literatura, a guerra teve consequências gravíssimas. A Renamo, quando atacava uma aldeia, começava pela escola e matava os professores. E a escola deixou de existir em grande parte deste país. E era a escola o único veículo da língua portuguesa e era ela que fazia chegar os livros. Um trabalho imenso poderia ter sido feito para criar familiaridade com a escrita, mas houve um corte. E este é um país da oralidade. Poderíamos ter muitos mais jovens a escrever e a trazer também novas propostas na esfera política.

Mia Couto, meu escritor moçambicano favorito, foi membro da Frelimo. Durante a guerra pela libertação, deixou o curso de Medicina para ­infiltrar-se nos jornais coloniais e trabalhar a serviço do ideais da independência. Não integra mais o partido. No Brasil, teve dez títulos publicados. Durante as três últimas décadas, intensificou a dedicação à atividade de biólogo e pesquisador, criou e dirige uma ­empresa que faz estudos de impacto ambiental e leciona ecologia na maior universidade de Moçambique. Tornou-se um dos escritores de língua portuguesa mais traduzidos no mundo.Sim, esta é uma indicação daora! Se você deseja conhecer melhor Moçambique e sua moçambicanidade, comece por MIA COUTO. Minha leitura mais recente dele foi: E Se Obama Fosse Africano?

Também indico:

-Terra Sonâmbula

-Raízes de Orvalho

-O último voo do flamingo

-Contos do nascer da Terra

-Um rio chamado tempo, uma casa chamada Terra

-Cronicando
           
(Ao meu eterno professor de História da África - Neilson Mendes, a minha gratidão pelos saberes de África até aqui. Impossível falar de Couto sem me lembrar de você mestre! Eis que te digo: estou na terra do cara! Bah!!!)

Que a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guarde o coração e a mente das autoridades e de todo o povo de Moçambique.

Abraço demorado!

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Do Reino lá do céu, embaixadora eu sou. #Moçambique




Desembarquei em Beira, capital de Sofala – MZ na tarde do dia 20 de junho. Entre voos e escalas foram 27 horas de viagem. O cansaço e os distúrbios causados pelo fuso horário (aqui são 5 horas à frente do Brasil) não tiveram nenhuma importância perto da alegria de estar novamente em casa. Fui muito bem recebida pelos amados Pastores da Igreja Videira: Roberto e Lucia, Cristiano e Jandira e toda a equipe de missionários e seminaristas da mesma, e alguns amigos moçambicanos que havia conhecido no ano passado. Foram muitos abraços de urso!

Ainda no aeroporto, percebi por parte de todos, o receio de uma nova guerra civil, é o assunto que rola. Nós estrangeiros estamos preocupados e com medo também, desde que cheguei já foram muitos ataques, alguns mortos, outros feridos, carros queimados, estradas bloqueadas, o valor dos alimentos que vem de fora subindo assustadoramente...Mas como não vivemos esse terror, não temos a dimensão dos perigos que esta nação tem, o de ver o derramamento de sangue entre irmãos. No momento as estradas que dão acesso ao Estado de Manica onde irei morar está bloqueada em alguns pontos. Pensando em nossa segurança, o casal de missionários da Missão com quem estou acompanhada na Beira e eu decidimos ficar por aqui até sentirmos segurança em partir.

Quando recebemos a notícia de que ficaríamos hospedados com os irmãos brasileiros da Videira, ficamos tranquilos, mas o Senhor nos surpreendeu ainda mais com sua bondade. Os amigos moçambicanos também quiseram nos abençoar com a hospedagem nesses dias de espera, soubemos que estava reservado/alugado um pequeno apto e um carro para nossa hospedagem e locomoção. Bah!
    Vista da janela do quarto de hóspedes - Beira/Sofala

Aqui em Beira tenho tenho tido a honra de conhecer e visitar os irmãos moçambicanos, alguns destes  possuem recursos e tantos outros sem nenhum, e em ambas as casas estou sendo exageradamente bem recebida. Tal cuidado é constrangedor! A definição mais próxima do que estou sentindo nesses dias pode estar contido na canção:  ''Do Reino lá do céu, embaixadora eu sou.'' E diante desse cuidado, como posso temer a guerra? Ele é o meu guardador!

Enquanto esperamos a calmaria, sigo em oração pela paz e dando graças ao Eterno pelas misericórdias! Aproveito também a cidade de lindas paisagens e de gente hospitaleira.
Se vier a Beira ou a qualquer cidade de Moçambique:

 -Respire gente e tente ouvir as suas histórias. Nenhum livro poderá imprimir estes contos;

 -Enquanto espera sua vez de atravessar a rua, não deixe de observar a calmaria na alma das pessoas que    tornam o transito uma loucura só;

-Sinta o cheiro do mar;

 -Ao contemplar o sorriso de uma criança, lembre-se que delas é o Reino dos céus e que pra você ter este Reino, precisa ser como ela;

 -Se espante e encante com a beleza das capulanas;

-Cante e dance um louvor ao Criador em dialeto com o povo de uma tribo;

 -Não se aborreça com a poeira, fumaça, cheiro do esgoto, banho de caneca ou a falta d’agua na descarga;

 -Não seja indiferente a malária, cuide-se! Mas que ela não tome toda a sua atenção, rs. 

 -Vá as compras nos grandes shoppings moçambicanos, tem de tudo estendido no chão, nunca se sabe o que é mercadoria ou poeira, mas o melhor produto é encontrado lá;

 -Tente entender a força e luta da mulher moçambicana;

 -Dê abraços demorados. É cafuné na alma!

 -Abra o seu coração para essa cultura e não deixe de perceber as diferenças entre as diferentes Áfricas em cada canto de cada cidade;

 -Aproveite para saborear, à moda moçambicana (com a mãos), toda a culinária. Recomendo o peixe assado com chima, matapa, maçamba, arroz de machamba com legumes, galinha a zambeziana e é claro: o pão de Moçambique;

 -Agende sua dieta para a próxima segunda-feira;

 -Ao sair de África, saiba que ela nunca mais sairá de você!

Abraços demorado!












domingo, 16 de junho de 2013

É canto que eu vi, bem antes de estar



O amor pelo Continente Africano, creio eu vem da Eternidade! isso mesmo, O Eterno colocou em mim esse amor mesmo antes que eu viesse a existir. Mas foi na Universidade quando estudei História da África que esse sentimento se tornou claro, palpável e o coração ficou desejoso de ir ao encontro de uma nação desse continente. Mais tarde conheci  e me juntei a uma galera daora, o Pronasce- Missão Integral entre os povos de Língua Portuguesa, providência Dele! 
Julho de 2012 foi um divisor de águas em minha vida - expiei a terra e tive a certeza de que o canto em África era Moçambique! 
Quase um ano depois (19 de junho) retorno ao canto que agora será também o meu canto e com um novo projeto/sonho de Deus para aquela nação - o AcampaNasce Moçambique Saiba mais em:      https://www.facebook.com/AcampaNasceMocambique?fref=ts

Este espaço foi criado para prosas/contos/cartas sobre o dia a dia em Moçambique, a próxima prosa será de lá. 
Chegaê!

A todos os intercessores e mantenedores do meu ministério, um abraço! Estamos juntos!

Aos CHEGADOS (Família, amigos e irmãos) uma canção: 
 Metade de mim é partida e a outra metade saudade

#Partiu

Soninha Castro.